Wednesday, August 16, 2006

prohd - o hdv da jvc*












Na batalha que decide quem vai ocupar o trono da alta definição em HDV, a oferta ProHD da japonesa JVC, com seu produto-estrela, a GY-HD100 é uma das mais ambiciosas. Tal como suas rivais, trata-se de uma camcorder com três CCDs de 1/3”. No entanto, essa câmera destaca-se por sua ergonomia mais “pro”, por ser compatível com qualquer objetiva profissional SD de baioneta de 1/3” e inclusive de 1?2” e por ser uma camcorder de alta definição a 720 linhas em modo progressivo, que aposta diretamente na produção em 24p.

Sem dúvida, a grande virtude dessa pequena grande câmera é seu look profissional, funcionando como todas as câmeras profissionais, fator importante, por exemplo, para pequenas produtoras que têm de recorrer a operadores freelance que não têm equipamento. Uma familiaridade que se estende às objetivas de baioneta, só que, nesse caso de 1/3”, ainda que se possa acoplar as objetivas largamente utilizadas pela JVC de 1/2”. Por toda a camcorder encontramos as mesmas teclas de função, um menu simples...

Não é imprescindível recorrer ao manual quando se utiliza a GY-HD100 pela primeira vez, já que quem tenha utilizado as antigas S-VHS da JVC ou as posteriores GY-DV500, DV-700 e até as mais recentes DV-5000 ou 5100 não terá o mínimo problema. O fundamental está no mesmo lugar.

No caso desses modelos anteriores da JVC, sempre se criticou o formato MiniDV por ser “pouco profissional” para trabalhar em televisão. A JVC encarregou-se de denominá-lo de forma proprietária como Professional DV, ainda que não tenha obtido o reconhecimento pretendido, e direcionou-se para outros mercados, onde teve um considerável êxito, como o dos videmakers, produtores independentes e freelancers. A Canon, por seu lado, com seu todo-terreno XL-1, foi outra marca que utilizou o MiniDV com o mesmo êxito, ainda que também tenha tido incursões importantes em produções de caráter acentuadamente profissional.

No entanto, e apesar desses êxitos, em nível broadcast, durante esses últimos tempos, acreditou-se mais no formato do cassete do que na objetiva ou mesmo na câmera utilizada. Por isso, e depois de muito ceticismo com o MiniDV (uma tendência gerada mais pelos adeptos do Betacam SP, que se negavam a acreditar que se podia gravar imagens com qualidade broadcast numa MiniDV, inclusive com objetivas de 1/2”), a concorrência também acabou por utilizar esse formato em suas gamas semiprofissionais e profissionais.

Há uns anos, a desculpa perfeita para atacar a JVC (pelo menos por parte de alguns comerciais) era qualificar o MiniDV como uma opção não profissional, sendo difícil utilizar os produtos da JVC para televisão porque se exigia DVCPRO, DVCAM ou Betacam SP como mínimo. Mas agora, passado algum tempo, é uma solução profissional para a captação de alta definição! Como mudam os tempos.

Também é verdade que a Canon ajudou muito a mudar a opinião face ao formato MiniDV com sua gama de câmeras XL, já que muitos produtores e diretores fizeram da XL-1 da Canon uma aliada perfeita para suas captações, nas quais se necessitava de uma câmera pequena e manejável. E é necessário lembrar que foram feitos anúncios em película com imagens rodadas com a pequena Canon sem que se notassem grandes diferenças (numa pequena tela, é claro).

Embora o fim do cassete seja algo que parece que vai acontecer bastante depressa, em todos os âmbitos de câmeras, nem a Canon, nem a Sony, nem a JVC apostaram ainda no disco rígido em suas soluções HDV, embora seja possível acoplar vários modelos via FireWire que funcionam perfeitamente.

Em DVCPRO HD, a Panasonic foi a primeira a fazer a aposta, mas o produto tem sofrido sucessivos atrasos. Com o esperado lançamento, ainda neste ano, da AG-HVX200 e de sua solução de disco P2, os mesmos discos rígidos FireWire externos continuarão a ser utilizados, uma vez que os cartões de memória são ainda demasiadamente caros, para uma reduzida capacidade de armazenamento (de 4 ou 8 GB por cartão).

Um passo além do HDV

Voltando à GY-HD100 – a HD101 é a versão com entrada e saída HDV, US$ 600 mais cara –, trata-se de uma câmera que está usando o ProHD, um formato que permite o mesmo nível de compressão MPEG-2 que utiliza o consórcio HDV, mas que na realidade usa uma codificação com um fluxo de dados de 19,7 Mbps – perfil e nível: MP@H-14. A camcorder utiliza três CCDs de 1.110.000 pixels e pode gravar sinal a 8 bits até 720p (1.280 X 720) a 24, 25 e 30 frames por segundo, tanto para cassete quanto para o disco rígido externo. Os formatos 1080i e 1080p estão planejados para as futuras camcorders ProHD, em estilo ENG, mas no momento é preciso esperar. A JVC, de qualquer forma, dá um passo por cima do HDV com seu ProHD, e o suporte nativo para 24 frames progressivos faz com que esse modelo possa ser mais atrativo aos olhos dos diretores de fotografia e realizadores, e o que esses mais destacam da HD-100 é a possibilidade de utilizar objetivas intercambiáveis.

Segundo a nota de imprensa da JVC depois do lançamento da HD-100, “no segmento de camcorders profissionais, as versões de mão compactas são normalmente modelos de consumo modificados”, algo que não deixa de ser correto em alguns casos, mas, nos últimos anos, essas câmeras têm mudado muito em suas características profissionais. No entanto, essa frase serve para a JVC denominar sua nova câmera como “um novo conceito de camcorder profissional de três CCDs”. E com isso recorda que “a denominação ProHD desse formato reforça e melhora o potencial do novo standard mundial HDV adotado pela JVC, Sharp, Sony e Canon”, em certo sentido, sim, ainda que, no caso da Sony e da Canon, os sensores de varrimento entrelaçado chegam, por exemplo, a 1.080 linhas. Na prática, todas essas camcorders são capazes de gerar sinais HD de 1080i a 60 campos, no caso da GY-HD100, diretamente convertendo o sinal HDV 720p já gravado.

No caso da JVC, é verdade que a ergonomia foi dirigida aos profissionais, mas, na parte de áudio (MPEG-1 layer II ou PCM a 48 KHz, sempre a 16 bit) e timecode, por exemplo, estamos longe dos parâmetros desejáveis, não existindo saídas balanceadas nem saída dedicada de código de tempo. A GY-HD100 foi concebida estritamente como uma camcorder para produção em modo autônomo, tendo duas entradas de áudio em XLR (balanceadas), com controle independente para cada canal.

Cada vez mais os profissionais vão recebendo encomendas de trabalhos em HD, além de sua produção habitual em NTSC. Por isso a JVC desenhou essa camcorder em particular para responder igualmente às duas necessidades de produção. Quando a GY-HD100 trabalha em definição standard NTSC (DV), é possível gerar vídeo tanto na relação de aspecto nativa 16:9 quanto 4:3, graças a seus três CCDs, que proporcionam uma relação nativa em 16:9 de 1.280 X 720, assim como a alta velocidade e a eficiência do dispositivo de exploração progressiva incorporado.

Sendo progressiva, a 720 e com um GOP de seis frames, a compressão HDV é talvez menos forçada do que em outros modelos da concorrência, e a edição em HDV acaba por ser um pouco mais simples. Com CCDs de 1/3” nativos de 1.280 X 720 pixels, essa câmera não é excessivamente luminosa, mas é suficientemente correta. Quem trabalha com câmeras de 1/2” é possível que note um pouco a diferença na entrada de luz, mas, em relação aos modelos anteriores de 1/2”, nenhuma chega até F13 a 2.000 lux. A GY-HD100 fica em F8 a 2.000 lux, e desde esse ponto de vista pode parecer que não é muito luminosa, mas, para aqueles que já tenham utilizado câmeras de 1/3”, não será tão grave essa falta de luminosidade. Por isso, o resultado é excelente, com uma imagem brilhante na tela e nos próprios olhos do espectador (no fim, é HD). Em situações de baixa luz, conta com um slow shutter, embora o ganho de 3 dB quase não seja notado e o de 6 dB não influencie em grande medida a imagem no modo HDV (fazendo o downconvert para SD, poderia agüentar inclusive 9 dB).

Objetivas intercambiáveis

Uma das grandes vantagens dessa JVC é, como já foi citado, a capacidade de poder mudar as objetivas. A Fujinon Th16x5.5BRMU que vem de fábrica é bastante correta, ainda que alguns operadores tenham notado que o campo visual horizontal fica um pouco mais limitado quando comparam suas captações com as filmagens feitas com suas máquinas de 1/2”, o que é perfeitamente natural. Perante isso, a proposta poderia ser usar uma grande-angular também da Fujinon, como a Th13x3.5 BRMU, mas essa objetiva custa mais do que o dobro da câmera, então achamos que o adaptador de grande angular opcional (cerca de US$ 600) é uma boa solução para as situações em que é necessário ampliar o campo de visão. O adaptador de grande angular é em muitas ocasiões imprescindível, e a qualidade de imagem é a mesma com ou sem adaptador. Outra opção é montar objetivas de 1/2” com o conversor/adaptador de baioneta 1/2-1/3. Dessa forma, ainda que não se conte com a angular, estaremos utilizando lentes de 1/2” numa câmera com CCDs de 1/3”, e pelo menos notaremos a diferença na profundidade de campo, ainda que não se note tanto na entrada de luz (que continuará a ser de 1/3”).

A vantagem dessa câmera (e por isso é tão econômica) é o fato de podermos utilizar objetivas SD de baioneta, que têm sido utilizadas nos últimos 30 anos, sem termos de montar, nem logicamente comprar, as proibitivas objetivas de alta definição. Esse tipo de objetivas HD de baioneta será necessário se no futuro a JVC der o salto para 1080i e/ou 1080p, mas o preço dessa suposta camcorder dispararia para quase o dobro (é o caso da grande objetiva 20X de 1/3” que a Canon propõe em sua XL-H1). No entanto, é o cliente que tem de decidir se quer 1.080 linhas ou se se contenta com as 720p que essa JVC oferece. Desde logo, e levando em conta que o SD ainda vai durar uns anos, essa câmera é a opção ideal para aqueles que querem fazer os primeiros testes em alta definição, ainda que trabalhem em SD. A JVC não oferece conversão descendente de HDV para SD na camcorder precisamente porque acredita que a qualidade será melhor quando se grava em HDV, se edita em HDV e se faz a conversão para SD no fim. Para quem tenha dúvidas, bastará perguntar: “Por que são produzidos anúncios em 35 mm para depois serem passados para Digital Betacam?”.

A seção da objetiva apresenta também outras características interessantes para produção HD. A JVC incorporou nessa cam-corder uma característica patenteada denominada HD Focus Assist, que não só facilita uma focagem precisa mas também reduz o tempo para obter um foco correto. Essa função gera um contorno exagerado no visor ao redor do objeto quando esse está focado. Outra característica que também poupa tempo aos operadores é o cartão de memória SD, no qual é possível guardar as diferentes configurações de câmera usadas para vários modos de operação. O operador poderá utilizar os mesmos ajustes em outra câmera, mudando o cartão de memória.

Ressaltamos ainda assim que, graças à facilidade de intercâmbio de objetivas, também é possível acoplar óticas de 35 mm, que evidentemente capturam melhores imagens tanto em HDV quanto em MiniDV, com a profundidade de campo, foco e ângulo de visão “virtualmente parecidos” a uma câmera de 35 mm. Isso é o que oferecem algumas empresas como a alemã P+S Technik, que fabricam kits que denominam de Mini35 para pequenas câmeras digitais. É uma possibilidade, sem dúvida, ainda que quem alugar ou comprar essas objetivas também possa comprar câmeras de 2/3”. Para terminar com o tema das objetivas, é preciso dizer que essa câmera permite marcas de foco, um verdadeiro zoom manual e um diafragma real, assim como todos os controles profissionais que têm sido utilizados nas últimas décadas (retorno de vídeo, botão de diafragma automático/manual, diafragma instantâneo...). Além de tudo isso, “pesa” o fato de podermos utilizar essa câmera no ombro com apenas 3,1 kg, com bateria e micro incluídos! Para um operador que durante anos carregou as pesadíssimas Betacam SP parecerá algo incrível. O suporte de ombro adaptável e o revestimento protetor fazem dessa GY-HD100 uma câmera exemplar quando se tem de trabalhar durante longos períodos. Seu peso permite o uso de tripés leves e econômicos, então se converte na câmera ideal para coletivas de imprensa, mas também para subir as montanhas do Himalaia, por exemplo.

Gravadores de disco rígido

Respondendo tanto às necessidades dos operadores de câmera quanto da área de pós-produção, uma característica especialmente relevante é a incorporação como dispositivo opcional de um gravador de disco rígido ProHD. O benefício mais direto é aumentar as durações de gravação, tanto em definição standard quanto em alta definição, que oferece o cassete MiniDV que a GY-HD100 utiliza. O disco rígido opcional DR-HD100E, disponível em versões de 40 GB e 80 GB, é uma versão OEM do disco FireStore da Focus e pode configurar-se para que se grave de forma seqüencial ou paralelamente com o cassete.

Uma das principais vantagens é dispor de um buffer de memória que evita, em muitos casos, que se perca o início de uma ação para a qual não se estava preparado. Poupar tempo na pós-produção é outra das vantagens do disco removível, já que esse é reconhecido diretamente pelo sistema de edição não linear sem necessidade de digitalizar o material. A velocidade de edição é outra grande característica dessa câmera.

O formato de gravação HDV da GY-HD100 é selecionável entre 720p/25,720p/24 e 720p/30 e o formato em definição standard PAL é selecionável entre 576i/50 e 576p/25, tanto em 4:3 quanto em 16:9. A partir de sua gravação nativa em 720p, o conversor interno proporciona em tempo real múltiplas possibilidades de saída de sinal. Esses sinais são não só em tempo real como totalmente livres de artefatos. Em HD estão disponíveis 1080i/50, 1080i/60, 720p/60 e 720p/50 e em definição standard PAL 625 estão disponíveis em 576i/50 tanto em 4:3 quanto em 16:9. No caso de ser uma produção cinematográfica, comuta-se a gravação nativa da GY-HD100 para 720p/24 e a gravação resultante poderá ser combinada de forma natural com material captado em película de 16 mm ou mesmo 35 mm. Entre outros acessórios opcionais da GY-HD100 estão o microfone de canhão, a objetiva zoom grande-angular e a base de tripé com libertação rápida.

Conclusão

Trata-se de uma camcorder mais do que interessante como primeiro passo para o HD, sendo por isso ideal para pequenas e médias produtoras que procuram uma câmera que possa continuar a trabalhar em SD NTSC (podendo-se optar entre o entrelaçado ou o progressivo) e que seja um primeiro (mas importante) passo para a alta definição através do ProHD (HDV numa versão JVC). Em alta definição capta apenas de forma progressiva, algo que é imprescindível para muitos apaixonados do cinema, mas temos de recordar que também existem apaixonados do entrelaçado, e se sente a falta de opção para comutar entre o progressivo e o entrelaçado. As vantagens são sem dúvida, como vimos, sua ergonomia profissional (trata-se da única camcorder HDV apropriada para operação no ombro), bem construída, muito leve e com um menu cheio de possibilidades, de onde se destaca a opção de rodar como no cinema, a 24p.

Tudo indica que a JVC vai continuar a desenvolver essa gama ProHD com novos modelos, integrando modelos com capacidade 1080i ou mesmo 1080p, ainda que nesses casos seja impossível que o preço se mantenha tão acessível. Uma das grandes vantagens da GY-HD100 é sem dúvida a possibilidade de utilizar objetivas SD sem penalização, já que a resolução nativa de 720 linhas desses sensores não exige objetivas próprias para HD. É uma câmera de alta definição, sim, mas com as objetivas de sempre e com excelentes funções de controle de imagem a 24P, principalmente em detalhe, matriz de cor e gamma, que proporcionam resultados HD que irão satisfazer tanto os videmaker quanto os cineastas independentes.

PP

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*matéria extraída do site do informativo Produção Profissional