Tuesday, October 10, 2006

geração xl, agora em hdv*














A terceira geração da conhecida e premiada XL-1, da Canon, já está aí, mas agora em HDV. A XL H1 é um passo esperado desde o lançamento de sua antecessora, a XL2, que, surpreendentemente, não gravava em HDV, um formato em que a Canon teve uma importante participação juntamente com a Sharp, a Sony e a JVC, por ocasião de sua apresentação, em setembro de 2003.

Todos sabem que o êxito que a Canon obteve com a XL-1 não foi apenas no mercado semiprofissional, mas também no mercado profissional e broadcast. Isso foi algo que surpreendeu a própria empresa e a razão por que ela acaba agora de apresentar a terceira geração dessa cam-corder, a atual “estrela da companhia”, e considerada por seus responsáveis como a “única” profissional.

A Canon é uma excelente fabricante de objetivas (e de tecnologia de consumo, evidentemente). Ela fabrica óticas excepcionais, em cuja gama estão incluídos alguns dos melhores produtos de alta definição atualmente disponíveis. Algo importante, se levarmos em conta que a estratégia da Canon é não “atirar pedras no próprio telhado”. Ou seja, algumas objetivas HD custam dez vezes mais do que a cam-corder XL H1, e a própria Canon não está muito interessada em que uma câmera “semiprofissional” tire mercado dos clientes diretos, que são fabricantes de câmeras no mercado broadcast e de alta definição. Dizemos isso porque achamos que também na época a Canon não pensava que, com sua XL-1, iriam ser realizados tantos videoclipes, gravações para televisão, anúncios e filmes. Foi, sem dúvida, uma autêntica revolução dentro do DV. Agora que finalmente apresenta a XL H1, com as mesmas características, ainda que em alta definição, a Canon quis também lhe dar um aspecto muito mais sério e profissional.

De qualquer forma, e depois de um passo de certo modo chocante com a aparição algo tardia da XL2, a XL H1 vem confirmar que a Canon continua a apostar na produção de qualidade. O preço aumentou (agora custa quase US$ 10 mil), o que significa que não se dirige unicamente (pelo menos no princípio) ao mercado semiprofissional.

A qualidade também aumentou (quatro vezes mais definição), a objetiva (de 16X da XL2 passou para 20X), a consistência, o peso, a aparência... Em geral, a Canon continua a acreditar na qualidade dessa câmera, e, ainda que não pretenda dar a imagem de que é excepcional para todo tipo de produção, “esse modelo está preparado fundamentalmente para pequenos estúdios, e creio que para as necessidades de diferentes mercados... Eu acho que respondemos a inúmeras necessidades com essa câmera... sendo perfeita para pequenos estúdios, pequenas produtoras e inclusive para cineastas independentes, já que grava a 25 frames em modo progressivo”, assegurou à Produção Profissional Jeroen Barsingerborn, o responsável da gama de vídeo profissional da Canon, na ostentosa apresentação desse modelo em Londres. Essa última informação, de que grava a 25P e não em 24P, é um dos dados que mais nos surpreenderam em comparação com outros modelos HDV, pois, ao procurar colar-se ao cinema independente, seria mais lógico a adoção direta do 24P (o número de frames da película). De qualquer modo, a XL H1 pode ser programada para gravar a 50i/60i, PAL/NTSC e inclusive a 24F e 30F (cadências que existem nos modelos vendidos nos EUA); no entanto, trata-se de um upgrade opcional que pode ser efetuado num centro de assistência técnica autorizado da Canon.

À primeira vista, parece que nos encontramos perante uma das melhores resoluções em câmeras HDV, principalmente graças à grande (e pesada) objetiva 20X da Canon; mas, como sempre dissemos nesse tipo de câmera de última geração, talvez se sinta a falta da gravação em disco rígido (dispõe de um obturador mecânico para captar imagens fixas de 1.920 X 1.080 num cartão SD/MMC, mas apenas para fotografias), sobretudo ao tratar-se de uma camcorder que grava HDV em MPEG-2 a 25 Mbps (e temos de recordar que em cassetes MiniDV não é possível gravar maior taxa de informação).

A câmera

O novo modelo é muito similar quanto à estética, ao estilo e às características da XL2, que se converteu irremediavelmente num passo intermediário, e seguramente numa boa opção para todos aqueles que pretendem continuar a produzir em SD (em 16:9), já que agora o preço baixará naturalmente. No entanto, aquela que poderia ser a XL3 (a referência H1 é como começar de novo para a Canon) agora adota a cor preta, que a torna mais séria e profissional e, numa primeira impressão, ao ter a camcorder em nossas mãos, parece ter mais poder e robustez.

Essa sensação deve-se claramente ao fato de ser mais pesada do que sua antecessora, o que permite maior estabilidade quando gravamos com a câmera no ombro. Nessas ocasiões, seu manuseio é praticamente igual ao da XL2, ainda que, para os românticos das objetivas convencionais de baioneta, não deixe de ser algo embaraçoso a pequena roda para o diafragma criado para essas câmeras ou que essa estupenda objetiva 20X careça de marcas externas de foco (para quando não há opção de ver pelo visor, onde, aqui sim, existem marcas eletrônicas). De qualquer modo, a nova objetiva XL mostra aos usuários os dados relativos à distância na tela do visor eletrônico – EVF – de 2,4”.

Resumindo, esse novo destaque da linha de câmeras digitais da Canon, a XL H1, grava HDV em MPEG-2 a 25 Mbps em 1080/50i, em cassetes MiniDV, usando o novo processador DIGIC DVII para processamento de alta definição e, graças ao modo de gravação progressivo (25F), tira proveito direto de seus três CCDs de 1/3”, de 1,67 megapixel. Com isso, a XL H1 integra, provavelmente, a maior definição dentro da gama HDV e, com o DIGIC DVII, um processamento em paralelo que permite captar simultanea-mente imagens fixas e de vídeo, o que resulta numa ferramenta ideal para a rea-lização de storyboards.

A XL H1 tem ainda uma ampla gama de conexões de entradas e saídas na câmera, incluindo uma saída HD-SDI incorporada (através de um conector BNC), entrada e saída de timecode, entrada de sincronismos e compatibilidade com a entrada de linha de áudio em XLR. Desde o início, os conectores TC in e TC out revelam que a Canon não ignorou as pretensões de muitos profissionais que, aceitando gravar imagem em HDV, não desejam comprometer o áudio e preferem registrá-lo externamente, necessitando para isso do código de tempo respectivo.

Quanto à ótica, a expe-riên-cia da marca no mercado de televisão profissional tornou possível que a XL H1 incorpore a nova objetiva de zoom ótico HD VIDEO 20X, desenvolvida especialmente pelos engenheiros da Canon e que proporciona toda a qualidade necessária para as imagens de alta definição com um mínimo de compromissos para corresponder ao preço solicitado. Tal como com suas irmãs XL1 e XL2, é também possível colo-car todo tipo de objetivas XL, ainda que no momento só exista em alta definição a HD VIDEO 20X em fluorite, de 1/3”. Quem quiser utilizar objetivas HD de 1/2 e 2/3 terá de aguardar pelos adaptadores que já estão sendo certamente desenhados pelas empre-sas dessa área.

Segundo as informações da própria Canon, a objetiva “L” XL 5,4-108 mm tem um sistema de estabilização ótica da imagem por prisma de ângulo variável (VAP OIS), proporcionando imagens perfeitas com cores autênticas, o que é, sem dúvida, uma das vantagens dessa câmera. Compatível com o sistema de objetivas intercambiáveis Canon XL, graças ao novo multirrevestimento das lentes (revestimento SR), foram eliminadas praticamente todas as luzes parasitas e foram reduzidas ao mínimo as aberrações cromáticas da objetiva. Mediante a focagem assistida (ampliação e picos), a objetiva oferece uma ampla gama de distâncias focais e inclui uma série de funções adicionais selecionáveis. Graças a seu diafragma circular, é possível conseguir um belo efeito de desfoque do fundo, enquanto um novo mecanismo de anel de foco eletrônico possibilita ajustes mais precisos. A objetiva dispõe de seleção de filtros gêmeos de densidade neutra (1/6 e 1/32), assim como funções de pré-ajuste com cópia de segurança na memória. A câmera memoriza os pontos de foco e de zoom para diferentes objetivas, inclusive quando essas são desmontadas do corpo da câmera, voltando logo aos mesmos ajustes a velocidades variáveis com uma precisão extrema.

Características

A Canon XL H1 é perfeitamente compatível com a maioria das normas de transmissão existentes em todo o mundo (1080i) e permite assim integrar produção em alta definição com um custo baixo, tanto para produtoras de televisão quanto para cineastas com baixo orçamento e todos os outros usuários de câmeras de vídeo. Graças à funcionalidade HD-SDI, a XL H1 oferece conexões profissionais de série, abrindo uma ampla gama de possibilidades de produção adicionais a seus usuários.

Além disso, a XL H1 pode ser integrada num meio de estúdio profissional, já que a entrada de interconexão permite que a câmera seja utilizada como parte de uma produção com várias câmeras. A XL H1 incorpora também funções melhoradas de cinema digital, tais como os novos ajustes de gama e matriz de cor (Cine2), que proporcionam um aspecto adequado para a transferência para película e dispõem de velocidades de gravação ajustáveis e captação em vídeo a 25F.

Em termos de controle de imagem, a XL H1 conta com dois filtros de redução de ruído (NR1 e NR2), matriz de cor, temperatura de cor para o balanço dos brancos e controles para o detalhe e a nitidez. Dispõe de controle manual completo sobre uma ampla gama de ajustes e variáveis da gravação: os pré-ajustes personalizados também podem ser guardados no cartão SD/MMC, um tipo de função até aqui exclusivo de câmeras broadcast.

Em relação ao áudio, a XL H1 inclui duas entradas profissionais XLR, como as antecessoras XL2 e XL1s, registrando um total de quatro canais de áudio digital, infelizmente da mesma qualidade sofrível de 16 bit que suas concorrentes HDV, com compressão MPEG-1 Audio Layer II (MP2).

Quanto ao novo software Canon Console, é uma ferramenta opcional para computadores pessoais que permite o controle a distância da XL H1, através de FireWire. Esse software permite o controle das imagens mediante funções personalizadas de pré-ajuste, monitor de forma de onda e vetorscópio e focagem assistida. Permite também o controle a distância da câmera, incluindo a ativação do zoom, do foco, o balanço dos brancos, o diafragma e os ajustes da velocidade do obturador. Além disso, o software faz a gestão da gravação e da reprodução dos dados HDV e dos dados DV, podendo ser baixado a partir da página web da Canon (por enquanto apenas para PC, mas está prevista uma versão para Mac).

Conclusão

Podemos dizer que estamos falando de uma camcorder com uma qualidade excepcional (com quatro vezes mais definição do que a XL1 e XL2), que se junta à oferta atual de camcorders, superando em aspectos-chave algumas das especificações de suas rivais HDV, tal como na saída e entrada de timecode, objetiva 20X, resolução nativa e formato de gravação HDV a 25 Mbps. A proposta Z1 da Sony superou todas as expectativas por ser seguramente a primeira e por vender dezenas de milhares de unidades em poucos meses. A JVC, com sua aposta GY-HD100 na gama ProHD, orienta-se bastante mais para usuários no cinema independente ao incluir a gravação a 24P, possuir uma excelente ergonomia e permitir objetivas intermutáveis (de 1/3” de baioneta), mas fica nas 720 linhas em vez das 1.080 (ainda que progressivas). Tendo a vantagem de terem surgido depois das rivais da Sony, as camcorders da Canon e da JVC apresentam cada uma argumentos únicos.

No entanto, nenhuma dessas camcorders aposta ainda na gravação em disco rígido (ainda que seja sempre possível adaptar a um PC portátil através de FireWire), como é o caso da Panasonic, com sua AG-HVX200, com gravação em DVCPRO (a 25 Mbps em cassetes MiniDV ou cartões P2), DVCPRO50 (a 50 Mbps apenas em P2) e DVCPRO HD (a 100 Mbps também apenas em P2). A alternativa de juntar o gravador de disco externo FireStore da Focus é pouco ergonômica em qualquer uma dessas pequenas camcorders, sobretudo se as quisermos usar sem tripé. A JVC é aquela que já faz a melhor integração com a unidade FireStore externa, tendo estabelecido um protocolo de controle das funções do gravador, diretamente no visor da camcorder. Evidentemente, no que diz respeito aos resultados de imagem, para tirar conclusões é necessário testá-las e compará-las e as aplicações podem variar muito, dependendo se querermos resultados mais “cinematográficos” ou “vídeo HD”. Mas o que é certo é que o passado de êxito das camcorders XL1, XL1S e XL2, a saída HD-SDI agora incorporada e o estabilizador de imagem característico dos modelos anteriores fazem dessa nova XL H1 uma clara garantia de qualidade para essa impressionante câmera de alta definição. Além de tudo o que foi dito antes, acreditamos bastante no valor seguro excepcional da objetiva 20X da Canon.

PP

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*matéria extraída do site do informativo Produção Profissional